Espaço Geográfico Da America do sul .

A estratégia de dominação que aí se formou, concretizou-se em confrontos internos para subjugação dos povos da terra e externos contra invasores. O resultado disto foi a formação de uma estrutura histórica de aproveitamento dos recursos existentes em detrimento de interesses estrangeiros, o descaso pela população que se amontoou na marginalidade e a conseqüente imobilidade por parte dos governos,  formados após as integrações regionais que derrocaram na formação dos Estados-Nações latinos, frente à desagregação e destruição dos seus recursos naturais e à opulência de ilhas de prosperidade que formaram-se no seu bojo. 
Consequentemente, o desenvolvimento latino-americano deve ser visto como um processo de  integração das sociedades que dela fazem parte, objetivando o melhoramento de sua condição social e o melhor uso de seus recursos. Isto envolve uma compreensão mais latente de geografia econômica das regiões latinas para buscar reverter o quadro de marginalidade e estagnação, acentuado por políticas macroeconômicas de curto-prazo, o processo de globalização e a concentração industrial, além de fatores políticos baseados em tentativas de hegemonia regional. 
Em vista do exposto, é evidente  que  a viabilização de políticas regionais internas, nos países periféricos, que estruturem formas de crescimento que absorvam de forma mais equânime as populações de suas áreas, via o aproveitamento adequado dos seus recursos. Frente a esta realidade, procurar entender e vislumbrar o potencial regional da América Latina em termos do aproveitamento dos seus recursos, em  especial os hídricos, para gerar riqueza e  promover padrões de vida mais adequados às populações nela integrados,torna-se latente para superar o subaproveitamento das riquezas naturais, de forma sustentável, que o continente propicia. Evidentemente, para isto deve se vencer num plano mais ideológico os interesses de exploração inter-regiões, caracterizados por pólos de industrialização que se formaram no seio de determinados países aproveitando-se de uma lógica de localização e potencial investidor, além de certos anseios geopolíticos caracterizados numa tentativa histórica de opulência regional praticado por algumas nações, como foi o caso da Guerra do Paraguai e a anexação da Província Cisplatina, pelo Brasil, no século XIX. 
Com isso, os projetos de sustentação econômica que venham a se formar necessitam adequar-se ao dinamismo do meio físico e social, e a sua viabilidade à condições de vida salutares num futuro onde se desenha uma revolução tecnológica extremamente complexa, que surge excluindo parcelas da população do seu alcance e de seus avanços. Dentro desta perspectiva, o processo de crescimento da América Latina deve ser integrativa, e o desenvolvimento deve ser distribuído e polarizado dinamicamente nas suas sub-regiões. 
A integração do espaço regional, atualmente, deve transcender as questões econômicas para englobar questões mais inerentes a qualidade de vida das populações. Como o uso econômico, e consequentemente a alocação de recursos, deriva diretamente do aproveitamento racional do meio-ambiente, os acordos no âmbito da Bacia do Prata, e por que não dizer do Mercosul, devem ter em conta a sustentabilidade do crescimento  da economia a longo-prazo e a distribuição das suas benesses aos povos que habitam a região. Essa questão é essencial no âmbito dos acordos regionais porque  representa a superação de conflitos  e evita a perda da qualidade de vida. Então as políticas regionais mais do que coordenadas devem ser planejadas, gerando uma distribuição justa dos investimentos e fomentando a transmissão interregional do progresso entre as nações que compõem a Bacia do Prata. Assim, mais do que fluxos de comércio, o Mercosul deve garantir a ampla inserção das economias regionais no progresso, por meio  de políticas conjuntas de descentralização industrial e de desenvolvimento. Se esta garantia for efetivada, com certeza será revertido o quadro migratório e de subdesenvolvimento em que algumas regiões estão afetadas. O aproveitamento da água na América Latina está inclusive situada num contexto histórico, já que as vias de acesso à conquista interna do continente sul americano deu-se através da penetração pelos rios. Na atualidade, a energia gerada, a água em reservatórios, o suporte ao consumo de água potável à população, bem como a navegação, constituem o ponto de exploração dos recursos que dão sustentação às atividades econômicas e a qualidade de vida da população. Nenhuma diligência econômica se realiza sem um aproveitamento do espaço das regiões, o que é delimitado pelo ambiente geográfico e político. Neste ambiente,  os recursos naturais são um elemento dinâmico no sistema de produção, principalmente as atividades ligadas a agropecuária e a economia urbana, já que viabiliza os assentamentos humanos e a rentabilidade econômica das atividades extrativas. Dentro da sua estrutura estabelece-se a colonização, a exploração de áreas, dá-se condições de sobrevivência às populações e estimula o processo de acumulação do capital através do favorecimento à instalação de indústrias, escoamento da produção e acesso aos insumos básicos. Uma parcela desta riqueza natural pode ser vislumbrada pela produção das principais fontes energéticas, cujo aproveitamento ótimo da estrutura fluvial da Bacia do Prata, poderia gerar energia na ordem de 60/70 milhões de kW, onde somente o rio Paraná, no seu curso brasileiro, geraria 32,5 milhões de kW.